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Por um melhor ambiente - a Secundária de Sever do Vouga

quarta-feira, abril 21, 2004

QUERCUS EM ENTREVISTA: Eucaliptos em Sever do Vouga: uma praga vestida de ouro?
(A publicar no Voz Regionalista - Maio)

JRA (Jovens Repórteres para o ambiente): Qual a flora típica da região em que se situa Sever do Vouga?

QUERCUS: A flora autóctone de Sever do Vouga é sobretudo formada por carvalhos, nomeadamente o Carvalho roble e o Sobreiro. Os castanheiros também seriam comuns. No sub-bosque seriam frequentes os medronheiros e a Gilbardeira (espécie actualmente classificada por uma Directiva Comunitária – Directiva Habitats).
No entanto, as actividades humanas, nomeadamente a intensa procura de madeira de boa qualidade nos últimos 5 séculos, o pastoreio, as queimadas, os incêndios e mais recentemente a política florestal do último século transformaram por completo o coberto vegetal original (autóctone). Actualmente, este é composto essencialmente por eucaliptos.

JRA: Constitui a proliferação de plantações de eucaliptos uma praga? Que
perigos pode comportar para o ambiente esta introdução de plantas exóticas?

QUERCUS: O eucalipto é de facto uma planta exótica, na medida em que não é originária da península ibérica tendo cá sido introduzida por motivos económicos. No entanto, não se poderá dizer que é uma praga ou uma infestante pois esta espécie não tem a capacidade de proliferar sozinha (sem a ajuda humana). Espécies infestantes ou pragas são aquelas que no fim de introduzidas no meio proliferam intensamente como é o caso das acácias, do Jacinto de água ou no caso da fauna da Perca-sol.
No caso especifico do eucalipto, embora não seja praga, este é problemático para o ecossistema na medida em que o tipo de plantações intensivas efectuadas em zonas muito declivosas contribuem para a erosão dos solos. Além do mais, esta espécie consome muita água, compete com o sub-bosque original prejudicando também a fauna na medida em que esta não encontra num eucaliptal condições ecológicas à sua sobrevivência (alimentação, abrigo, nidificação).

JRA: Que interesses estão em jogo quando se opta por este tipo de árvores em
vez das que constituem a flora indígena?

QUERCUS: Sobretudo interesses económicos. O eucalipto é uma espécie de crescimento rápido, o que aliado ao seu valor para produção de pasta de papel nas grandes celuloses contribui para que seja preferido pelos produtores.

JRA: Como poderia ser solucionado este problema?

QUERCUS: O problema poderia ser facilmente solucionado com incentivos governamentais e uma politica florestal sustentável onde se dê prioridade às espécies autóctones nomeadamente Carvalhos.

JRA: Que posição vem assumindo a Quercus em relação a esta questão?

QUERCUS: A Quercus há muito que alerta para os problemas da eucaliptização que é efectuada um pouco por todo o país. Aliás, o tipo de floresta que temos, em regime de monocultura, é um dos principais factores que levam à proliferação dos incêndios. A Quercus tem tentado elucidar os sucessivos governos para a necessidade de implementar uma politica florestal sustentável, na qual a floresta de uso múltiplo deve ocupar espaço recorrendo-se às espécies autóctones da península.
A Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, foi fundada em 1985 com o nome QUERCUS - GRUPO PARA A RECUPERAÇÃO DA FLORESTA E FAUNA AUTÓCTONES, e desde a sua fundação lutou sempre com os meios e voluntários de que dispunha contra a eucaliptização que assolou o nosso país e que provocou uma diminuição sensível da biodiversidade, considerado por nós o mais grave atentado ambiental desde sempre em Portugal, só eventualmente ultrapassável (informação que não confirmo) pela destruição da floresta autóctone e o plantio do pinheiro bravo durante os séculos das descobertas, em que a madeira de carvalho foi usada para a construção naval.
A Quercus - A.N.C.N. tem feito pareceres a entidades com responsabilidade governamental na gestão da floresta em Portugal e comunicados públicos sobre estes assuntos de forma sistemática e regular, que poderão eventualmente ser consultados na Internet no endereço http://www.quercus.pt.
Só em 2004, desde 1 de Janeiro até à presente data, a Quercus - A.N.C.N. emitiu 8 comunicados em que a palavra "Floresta" é mencionada, apesar de relacionados com assuntos diversificados como impostos, alterações da REN e RAN, alterações climáticas e casos mais concretos como o abate de árvores no Parque Florestal de Monsanto.

JOVENS REPÓRTERES PARA O AMBIENTE
Ana Cristina Ferreira, Ângela Cristina Pereira, Carla Simões, Daniel Ferreira, Edmundo Soares, Eduardo Ventura, Elisabete Lopes, Fábio Domingues, Filipe Silva, Lúcia Gonçalves, Márcia Rodrigues, Maria de Fátima Almeida, Mário Silva, Marisa Bastos, Vera Marta, Sara Tavares, Soraia Macedo, Tiago Covelo, Márcio Domingues (alunos do 10ºC).

PROFESSORES COORDENADORES
Luís Silva e Ana Carla Dias

OS ENTREVISTADOS
Fernando Leão, biólogo
Paulo Almeida, Eng. Electrotécnico
Membros da Direcção do Núcleo Regional de Aveiro da Quercus - A.N.C.N..
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